quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Frutos sempre frescos, nunca passados


  • Tenho medo de perder os que amo, medo da tristeza. Medo do hoje se tornar um passado que terá que ser esquecido ao invés de lembrado. Quero cultivar com os que são comigo, uma história inundada de vida. 
    Lembro-me que aos sete anos, uma grande amiga se afastou de mim por causa de uma briguinha... E estar longe fazia meu coração sangrar. Eu sonhava todas as noites com a nossa amizade; acordava e desejava ardentemente estar próximo dela. Mesmo criança, já sabia a importância de importar pessoas. Todos os dias na escola, comprava o melhor lanche da cantina, e durante o intervalo tentava ficar próximo dela, para que se naquele dia nós fizéssemos as pazes, eu teria o melhor para dividir com ela. Estar com as mãos cheias de carinho me fazia enxergar o valor dela em mim. Demorou uns dias para que eu vencesse o orgulho e me aproximasse, afim de que eu recebesse de volta o meu pedaço. Havia muito amor; e o amor não nos deixa ficar longe.  Ela é vida para minha vida. Consegue estar sempre perto, por morar dentro.  E que se um dia estiver longe, habitará meus sonhos. Uma amizade gostosa como um fruto maduro.
    Posso perder o que é eterno em mim? Posso perder minhas extensões? O 'hoje' pode apodrecer? Só peço que a vida seja uma árvore repleta de frutos doces. Nunca passados, sempre frescos; para que minha calmaria seja sempre alimentada.

    Rodolfo Goulart

Um processo de fim


Sou demora, sou espera, sou pressa.
Sou luta, derrota e vitória.
Sou recusa, sou doação, sou promessa.
Sou infâmia, sou nada, sou glória.
Sou dores, lágrimas, sou prazer.
Sou amor, sou desprezo, sou saudade.
Sou fraco, sou guerra, sou forte.
Levar... Deixar... Sou mais trazer!
Sou doença, sou remédio, sou cura.
Sou sanidade, sou histeria, sou loucura.
Sou blue de doer, sou amarelo, carmesim...
Sou nascimento, vida e vida
Um processo de fim...

Rodolfo Goulart

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Aqueles que conseguem abraçar meu coração, possuem: braços no olhar e mãos no sorriso. Alcançam meu mundo, conquistam seu lugar e me dão asas para voar. São abraços apertados, mas sem apertos. 
Sou de quem me faz livre. E essa tal liberdade algema meu coração.

Rodolfo Goulart

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Sendo em mim

Prefiro o mundo de dentro.
Sim, este mundo que me faz voar,
Encontrando os desencontros.
Abraçando, e fazendo do ímpar, par.

Subo alto e olho ao redor,
Percebo seres que me completam
com características que me fazem amor.
Ah! Estes olhares que me enxergam.

Nesse lugar acendo os olhos para enxergar cores,
Nele não sou enganado,
Vejo aquilo que é atrás dos bastidores.
Reconheço os personagens desmascarados.

Intensas almas em uma,
Notadas na escuridão dos olhos fechados,
Que foram abertos para dentro com calma.
Acabando com a penumbra de ser um, ao sentir-se amado.

O canto dos pássaros, nesse mundo, é mais contagiante;
ouço com outros olhos.
Música que toca o profundo,
com a grandeza da simplicidade.

Em mim os segredos se vão.
Não há medo, não há temor.
Nesse mundo existe coração,
Abriga o inteiro com amor.

Resgato o passado, vivo os sonhos.
Faço dos que amo possuidores de mim.
E sem pressa, paro o tempo,
Percebendo que os encantos internos não têm fim.


Rodolfo Goulart