domingo, 1 de dezembro de 2013

Quando eu era criança tinha pena de deixar meus brinquedos sozinhos; hoje tenho pena dos sozinhos que se fazem brinquedo para sentir que são de alguém.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Tem muitos que conseguem esquentar e iluminar com as palavras. Seria pelo fato de carregarem o Sol nas mãos ou na voz? E se for por isso, porque não se queimam? E não seria pesado carregar algo tão gigante? Penso que o Sol só cabe em mãos estendidas, e por reparti-lO, não se queimam. Acredito também que só os pequenos são capazes de carregar algo que seja maior que o mundo. Eu gostaria de carregar o Sol... Sigo tentando; por vezes me queimando ou ofuscando, mas nunca ficando totalmente no escuro ou no frio. E se eu não conseguir carregar o Sol, quero pelo menos ser aquecido e enxergar pela sua Luz. Isso me bastará!


Rodolfo Goulart

domingo, 21 de abril de 2013

Escrever deveria ser tão fácil como respirar. Assim a vida seria menos sufocante.

Rodolfo Goulart

segunda-feira, 25 de março de 2013

As cores das dores em flores


O belo que aterroriza,
Que abraça e esfaqueia,
Que cura e mata,
Que assalta e presenteia.

Sementes que morrem para viver.
Quebram as cascas, e deixam o passado,
Crescem e viram outro ser.
Dores que dão sentido para o que parecia errado.

Flores, que conquistam e que dizem adeus,
Beijos de amores e choros de mortes.
Presentes, passados, faltas, ausências.
Fracos, sensíveis, aprendizes.

Disfarça a morte com maquiagem e flores,
Não cumpre as promessas, mas chega.
Encanta com o por do sol, mas assombra com noites.
Saudade que lava os olhos, mas deixa a alma seca.

Engana, e muda o trajeto,
Leva pra perto, mas aprisionado.
Promessas que atingem a mentira,
E deixam os pés paralisados.

Dores, flores, cores,
Artistas que brilham na escuridão,
Postes de luz, que me dão direção.
As cores das dores em flores.



Rodolfo Goulart

sexta-feira, 22 de março de 2013

terça-feira, 19 de março de 2013

Estrada de vida; corrida sem pressa



Dias atrás, percebi que estava muito cheio de excessos e recheado de faltas. Então, decidi cuidar das podas e das aquisições. Comecei agindo pelo corpo. Iniciei uma maratona de exercícios em uma academia, mas logo apareceram o cansaço, a indisposição e o desânimo, que eram devido às faltas internas, causadas pelos assaltos sofridos no dia-a-dia, e pela indigestão causada pelos sapos engolidos nas convivências. Então percebi que para cuidar dos excessos, precisaria primeiro cuidar das faltas: encher por dentro para esvaziar por fora. Entendi que precisaria movimentar o corpo, a mente e a alma.
Um dia, caminhando pela cidade, vi uma longa estrada de terra vermelha firme, coberta por um céu mais inteiro e rodeada de uma mata verde intenso. Decidi fazer dessa estrada minha pista de corridas e meu divã. Eram tardes que resgatavam meus dias. Durante as corridas, conversava comigo mesmo, e me entendia. E quando calava, ouvia a natureza cantar e falar. Olhava para o telhado (por vezes azul, branco, acinzentado, alaranjado) e o peso causado pelas convivências doentias desaparecia. Naquele lugar, o vento me rejuvenescia, trazia de volta o menino, e a saudade morria. Era um lugar encantado! O tudo me alcançava e me inseria nele. O sentido que eu dava para o caminho, me fazia chegar ao destino. Foi através do movimento que encontrei a calmaria. Foi através da calmaria que movimentei a vida. Percebi que correndo pela estrada conseguia retirar os excessos e preencher as faltas, emagrecia por fora e engordava por dentro. Estrada de vida; corrida sem pressa. Atividades físicas, atividades de alma. Uma corrida terapêutica. Uma estrada longa... até o fim.


Rodolfo Goulart

terça-feira, 12 de março de 2013

Definições que diferenciam

Aprendi sobre o significado das palavras “eu te amo” com minha primeira namorada. Depois de um mês de namoro, todo apaixonado, eu disse pra ela que a amava, esperando ouvir um simples “eu também”, mas diferentemente disso, ela franziu a testa, e disse que não acreditava nas minhas palavras; disse que aquilo não era amor, e que ele não nasce da noite pro dia, e completou dizendo que há muitas conseqüências ao dizer “eu te amo”. Eu insisti afirmando que a amava, e que por ela seria capaz de tudo, mas isso não a convenceu. Fiquei ensopado com o balde de água fria que ela me jogou. Fiquei com frio, mas, ela me aqueceu com um beijo. Eu pensava que a amava. Perto dela meu coração parecia uma escola de samba, eu contemplava o céu no azul do olhar dela; e suspirava. Mas depois de quatro meses, o namoro rumou ao fim. E agora? O que seria de mim? Eu sangraria por dentro até entrar em choque hipovolêmico? Não, não sangrei. Mas confesso que sofri por alguns poucos dias, e no máximo um mês depois, eu já estava totalmente aberto a outro relacionamento. E logo me apaixonei de novo. Penso: que amor era aquele que eu teimava em dizer que existia? É, não era amor. A moça de olhar azul tinha razão, era paixão. Com ela entendi o real significado do amor. Ele não é emoção e o “eu te amo” não é cumprimento. O amor é um abraço de almas, que não se explica muito, que simplesmente acontece, e não importa o que aconteça, nunca termina. Com isso, aprendi a amar de verdade, e expressar com verdade. Agradeço a sabedoria da moça, e peço que na minha vida o amor seja sempre percebido, e diferenciado de qualquer outra definição.

Rodolfo Goulart

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Frutos sempre frescos, nunca passados


  • Tenho medo de perder os que amo, medo da tristeza. Medo do hoje se tornar um passado que terá que ser esquecido ao invés de lembrado. Quero cultivar com os que são comigo, uma história inundada de vida. 
    Lembro-me que aos sete anos, uma grande amiga se afastou de mim por causa de uma briguinha... E estar longe fazia meu coração sangrar. Eu sonhava todas as noites com a nossa amizade; acordava e desejava ardentemente estar próximo dela. Mesmo criança, já sabia a importância de importar pessoas. Todos os dias na escola, comprava o melhor lanche da cantina, e durante o intervalo tentava ficar próximo dela, para que se naquele dia nós fizéssemos as pazes, eu teria o melhor para dividir com ela. Estar com as mãos cheias de carinho me fazia enxergar o valor dela em mim. Demorou uns dias para que eu vencesse o orgulho e me aproximasse, afim de que eu recebesse de volta o meu pedaço. Havia muito amor; e o amor não nos deixa ficar longe.  Ela é vida para minha vida. Consegue estar sempre perto, por morar dentro.  E que se um dia estiver longe, habitará meus sonhos. Uma amizade gostosa como um fruto maduro.
    Posso perder o que é eterno em mim? Posso perder minhas extensões? O 'hoje' pode apodrecer? Só peço que a vida seja uma árvore repleta de frutos doces. Nunca passados, sempre frescos; para que minha calmaria seja sempre alimentada.

    Rodolfo Goulart

Um processo de fim


Sou demora, sou espera, sou pressa.
Sou luta, derrota e vitória.
Sou recusa, sou doação, sou promessa.
Sou infâmia, sou nada, sou glória.
Sou dores, lágrimas, sou prazer.
Sou amor, sou desprezo, sou saudade.
Sou fraco, sou guerra, sou forte.
Levar... Deixar... Sou mais trazer!
Sou doença, sou remédio, sou cura.
Sou sanidade, sou histeria, sou loucura.
Sou blue de doer, sou amarelo, carmesim...
Sou nascimento, vida e vida
Um processo de fim...

Rodolfo Goulart

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Aqueles que conseguem abraçar meu coração, possuem: braços no olhar e mãos no sorriso. Alcançam meu mundo, conquistam seu lugar e me dão asas para voar. São abraços apertados, mas sem apertos. 
Sou de quem me faz livre. E essa tal liberdade algema meu coração.

Rodolfo Goulart

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Sendo em mim

Prefiro o mundo de dentro.
Sim, este mundo que me faz voar,
Encontrando os desencontros.
Abraçando, e fazendo do ímpar, par.

Subo alto e olho ao redor,
Percebo seres que me completam
com características que me fazem amor.
Ah! Estes olhares que me enxergam.

Nesse lugar acendo os olhos para enxergar cores,
Nele não sou enganado,
Vejo aquilo que é atrás dos bastidores.
Reconheço os personagens desmascarados.

Intensas almas em uma,
Notadas na escuridão dos olhos fechados,
Que foram abertos para dentro com calma.
Acabando com a penumbra de ser um, ao sentir-se amado.

O canto dos pássaros, nesse mundo, é mais contagiante;
ouço com outros olhos.
Música que toca o profundo,
com a grandeza da simplicidade.

Em mim os segredos se vão.
Não há medo, não há temor.
Nesse mundo existe coração,
Abriga o inteiro com amor.

Resgato o passado, vivo os sonhos.
Faço dos que amo possuidores de mim.
E sem pressa, paro o tempo,
Percebendo que os encantos internos não têm fim.


Rodolfo Goulart

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Pessoas-remédio

O alívio que a presença daqueles que amo me proporciona é maior do que o mais potente remédio. Lembro-me, que quando criança, os ferimentos causados por tombos eram aliviados pela presença da minha mãe. Ela me pegava no colo e dizia “Pulou, pulou... já vai sarar”, assoprava a ferida, e a cura começava a acontecer... O alívio não chegava pelo fato da dor desaparecer, mas sim por sentir que havia uma vida que soprava na minha. E não era qualquer vida, era a vida que me deu e dá vida! Nos dias de hoje saber que tenho pessoas que refrescam minhas dores e ajudam a sarar meus machucados, me faz ousado e seguro. Pessoas-calmantes, pessoas-cicatrizantes, pessoas-antídotos, elas são o que são porque agem assim em mim.

Rodolfo Goulart

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Evento do vento da vida


É o vento que passa com sua graça,
Que anima o que não se movia,
Que tira do lugar o que era ordenado.
É o vento que leva o leve e deixa o pesado.
É ele que semeia para nascer e derruba o fruto.
É o vento que tira a poeira, que suja o parado.
Refresca o quente e intensifica o frio.
Que alcança os cantos com seu encanto,
Com cantos que amenizam o pranto.
É o vento que tira, e que também devolve.
Que assopra as folhas e que derruba as flores.
É vento de vida, evento pra vida... é vento!


Rodolfo Goulart