segunda-feira, 25 de março de 2013

As cores das dores em flores


O belo que aterroriza,
Que abraça e esfaqueia,
Que cura e mata,
Que assalta e presenteia.

Sementes que morrem para viver.
Quebram as cascas, e deixam o passado,
Crescem e viram outro ser.
Dores que dão sentido para o que parecia errado.

Flores, que conquistam e que dizem adeus,
Beijos de amores e choros de mortes.
Presentes, passados, faltas, ausências.
Fracos, sensíveis, aprendizes.

Disfarça a morte com maquiagem e flores,
Não cumpre as promessas, mas chega.
Encanta com o por do sol, mas assombra com noites.
Saudade que lava os olhos, mas deixa a alma seca.

Engana, e muda o trajeto,
Leva pra perto, mas aprisionado.
Promessas que atingem a mentira,
E deixam os pés paralisados.

Dores, flores, cores,
Artistas que brilham na escuridão,
Postes de luz, que me dão direção.
As cores das dores em flores.



Rodolfo Goulart

sexta-feira, 22 de março de 2013

terça-feira, 19 de março de 2013

Estrada de vida; corrida sem pressa



Dias atrás, percebi que estava muito cheio de excessos e recheado de faltas. Então, decidi cuidar das podas e das aquisições. Comecei agindo pelo corpo. Iniciei uma maratona de exercícios em uma academia, mas logo apareceram o cansaço, a indisposição e o desânimo, que eram devido às faltas internas, causadas pelos assaltos sofridos no dia-a-dia, e pela indigestão causada pelos sapos engolidos nas convivências. Então percebi que para cuidar dos excessos, precisaria primeiro cuidar das faltas: encher por dentro para esvaziar por fora. Entendi que precisaria movimentar o corpo, a mente e a alma.
Um dia, caminhando pela cidade, vi uma longa estrada de terra vermelha firme, coberta por um céu mais inteiro e rodeada de uma mata verde intenso. Decidi fazer dessa estrada minha pista de corridas e meu divã. Eram tardes que resgatavam meus dias. Durante as corridas, conversava comigo mesmo, e me entendia. E quando calava, ouvia a natureza cantar e falar. Olhava para o telhado (por vezes azul, branco, acinzentado, alaranjado) e o peso causado pelas convivências doentias desaparecia. Naquele lugar, o vento me rejuvenescia, trazia de volta o menino, e a saudade morria. Era um lugar encantado! O tudo me alcançava e me inseria nele. O sentido que eu dava para o caminho, me fazia chegar ao destino. Foi através do movimento que encontrei a calmaria. Foi através da calmaria que movimentei a vida. Percebi que correndo pela estrada conseguia retirar os excessos e preencher as faltas, emagrecia por fora e engordava por dentro. Estrada de vida; corrida sem pressa. Atividades físicas, atividades de alma. Uma corrida terapêutica. Uma estrada longa... até o fim.


Rodolfo Goulart

terça-feira, 12 de março de 2013

Definições que diferenciam

Aprendi sobre o significado das palavras “eu te amo” com minha primeira namorada. Depois de um mês de namoro, todo apaixonado, eu disse pra ela que a amava, esperando ouvir um simples “eu também”, mas diferentemente disso, ela franziu a testa, e disse que não acreditava nas minhas palavras; disse que aquilo não era amor, e que ele não nasce da noite pro dia, e completou dizendo que há muitas conseqüências ao dizer “eu te amo”. Eu insisti afirmando que a amava, e que por ela seria capaz de tudo, mas isso não a convenceu. Fiquei ensopado com o balde de água fria que ela me jogou. Fiquei com frio, mas, ela me aqueceu com um beijo. Eu pensava que a amava. Perto dela meu coração parecia uma escola de samba, eu contemplava o céu no azul do olhar dela; e suspirava. Mas depois de quatro meses, o namoro rumou ao fim. E agora? O que seria de mim? Eu sangraria por dentro até entrar em choque hipovolêmico? Não, não sangrei. Mas confesso que sofri por alguns poucos dias, e no máximo um mês depois, eu já estava totalmente aberto a outro relacionamento. E logo me apaixonei de novo. Penso: que amor era aquele que eu teimava em dizer que existia? É, não era amor. A moça de olhar azul tinha razão, era paixão. Com ela entendi o real significado do amor. Ele não é emoção e o “eu te amo” não é cumprimento. O amor é um abraço de almas, que não se explica muito, que simplesmente acontece, e não importa o que aconteça, nunca termina. Com isso, aprendi a amar de verdade, e expressar com verdade. Agradeço a sabedoria da moça, e peço que na minha vida o amor seja sempre percebido, e diferenciado de qualquer outra definição.

Rodolfo Goulart